sexta-feira, 9 de julho de 2010

Partir


Partiu. Partiu e deixou para trás todo o seu passado de insegurança e incerteza. Partiu sem saber quando voltaria a ver aqueles olhos tristes, molhados pelas lágrimas sentidas da saudade. Sem saber quando voltaria a sentir aqueles braços finos passando por entre seu pescoço, em um abraço que, sem perceber, em si se despedia. Em segredo imaginava seu retorno. Em segredo aqueles olhos tristes imaginavam o que viria depois da correnteza, que águas calmas viriam a habitar sua mente depois de tanta tempestade...Seria melhor que não viessem. Temia a calmaria. Já quase se acostumara às incertezas e tormentas que a vida lhe havia reservado até então.
Já era tarde. Decidiu entrar, o brilho da noite já não lhe agradava como antes. Tinha tantas lembranças a brincar pela mente que decidiu entrar. Entrar e esquecer.
Viu as roupas no varal, o pó que corria pelo chão, e suspirou. As tarefas da casa pareciam agora intermináveis e inúteis. Sentiu-se inútil. A criança que chorava lhe despertou dos pensamentos e por um momento sentiu a esperança a pulsar no peito. Sentiu o peito apertar quando o choro tornou-se mais forte, e então teve a certeza da razão de estar ali.

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