sábado, 4 de outubro de 2014

Deu foi vontade de escrever poesia!
Às pessoas que, dados os caminhos da vida, conseguem ser sempre flores a brotar em nova estação:

Queria eu ser sopro de vento, e saber desejar pelo simples o que planejo em palavras. Queria eu escorrer feito água em cachoeira e, serena e certa, acertar o caminho..
Mas já que o que nos sobra é pouco
É palavra traduzida, texto sufocado,
Te desejo é muita vida.
Vida de todas as cores, vida que vibra em todos os tons
Vida que é de viver,
Vida que inspira som, canto, melodia..

Te desejo é a vida que me ensinou a gostar
Vida que nunca deixa de ser linda
E de linda, o que nos deixa é muito..

Um sopro de vento e uma queda d'água: Te desejo a Vida.



quarta-feira, 25 de junho de 2014

Busca dialética. Busca?

A madrugada, a noite serena e alta, sempre foram meus lugares de refúgio. E nesse lugar de refúgio, sempre acabo que me encontro nas palavras.. ou são elas que me encontram, depois de um dia apertado!

Escritos de anos atrás me lembraram o quão fluido e à vontade estas tais saíam neste cair de noite. É como apagar a luz e sentir-se protegido sem enxergar. É como encontrar-se com você mesma em um lugar que só você poderia encontrar, e entender... e fazer-se explicar!

Não sei a quem digo, porquê digo, mas o faço. E algum sentido deve ter esta combinação confusa e ao mesmo tempo óbvia de signos... decifrando o sentido pelo corpo, comunicando o inexpressável.

Talvez seja isto o que me mova. O desafio de dizer o indizível, a lógica de fazer-se sentido. Sentido. E o que foi sentido já foi. Não sei direito o que é sentir o agora. Sinto. Vivo. E penso sobre isso depois que já o fiz.. buscando (outra vez) o sentido que me moveu. Pensar. Talvez seja o que estrague mesmo tudo o que sentimos.

Pensar será mesmo então estar doente dos olhos?

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sobre crianças e sentimentos

Quero a sensação de me escutar inteira mesmo de olhos abertos...

Quando estou com as crianças, sinto isso com elas. Aprendo a ouvir-me com todo o coração, a segui-lo, a escutá-lo...

As crianças pouco sabem sobre a razão. Não racionalizam os sentimentos. Sentem-no. Vivem-no! E são as que mais facilmente nos explicam o que é o amor... o que é viver.. porque vivem, simplesmente.

“Amar é a mais pura inocência. E a mais pura inocência é não pensar.” (Alberto Caeiro)

Caeiro tenta despir-se de tudo que aprendeu... desembrulhar-se da razão que lhe fora ensinada e ser ele! Desencaixotar-se...

As crianças sabem onde querem chegar... porque só querem viver, e viver é agora. Não é depois. Sorrir é agora. E logo depois chorar e em seguida sorrir novamente. Porque a expectativa é a do agora.

Acho lindo observá-las brincando. Na fantasia, o sorriso é real... As lágrimas, quando de mentirinha, também são lembradas como parte da vida. E quando aparecem de verdade, são sentidas. São vividas. E logo passam... E logo as mãos se dão novamente, logo a fantasia retorna, logo a realidade é novamente imitada e reinventada.

Desencaixotar-se. Viver a mais pura inocência...

domingo, 2 de março de 2014

Fecundar o chão

Todo ser humano deveria, por direito, conviver com pelo menos um punhadinho de terra por perto.
Seja num vaso em cima da mesa, em um canteiro da casa, no quintal cheio de árvores.. que seja um punhadinho.
Principalmente aqueles que vivem em blocos de concreto e longe estão do contato com o chão, com o marrom, o verde e o colorido..

Desse punhadinho, muita coisa pode nascer.
O hábito do cuidado diário mostrando-se vital,
O despertar para um processo que se parece com muito do que a gente vive: natural, lento e suave...
A sensibilidade de perceber, neste processo, as necessidades e especificidades de cada cultivo...
E a paciência de quem cultiva e espera..

A terra cria, recria e ensina.
Relembra o que tanto concreto nos faz esquecer.
Nos traz de volta ao sagrado mais visível que se pode alcançar.

E o mais bonito, que nasce a todo instante:
cores, aromas e sabores que agraciam, retribuem e alimentam.

Afagar a terra
conhecer os desejos da terra
e fecundar o chão..