domingo, 22 de abril de 2018

Processo

Vejo como um desabrochar da casca. Ela vai ficando seca, velha, até que não suporta e racha. E mesmo que seja aos poucos, cai, igual a cobra que troca de pele. O que está morto precisa ir embora, é uma lei da natureza. Ainda que o processo seja lento e por vezes dolorido, é necessário.
O que virá daí, depois?
Qualquer coisa que não o que era antes. E essa é a beleza também que se tem em qualquer coisa que nasce. É incerto e genuíno, carregado de força pra seguir desabrochando. E crescendo.
Água e sol. Igual as plantas. Mas com emoções mais complicadas. A gente esquece que é feito de carne e só alimenta a cabeça. A hora agora é de cuidar de quem a sustenta!

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Inspira ção

Até a Aretha. Tudo era semelhante, algumas coisas talvez, mas a maioria ele pintava. Deixava rastro. Igual o raio de sol quando vai entrando, miúdo, e tingindo as cores de vida. Ele tingiu tudo. Mergulhou cada pedaço num oceano de novas cores. Tentei resistir, como quem sente a onda puxar na beirada da praia. Não pude. Quando vi, já me afogava e não tinha pressa de ir embora. Mergulhei, também. Em alguns momentos quis voltar, sentia falta de alcançar o chão. Tudo era muito instável e imenso, tudo oscilava entre o yin e o yang, não chegava ao equilíbrio. Mas que sol, que belo sol. Obrigada por ter entrado, ainda que eu não quisesse muito abrir a cortina, e resistisse a descobrir o que se escondia por trás dela. Você trouxe um belo e novo dia de sol.