Um ponto aqui, outro acolá
domingo, 7 de abril de 2024
sobre re começos
sexta-feira, 15 de março de 2024
eu sei, sempre tive um pouco de melancolia
mas a nostalgia tem um quê que exacerba o fio da agonia
eu sei, sempre fui de me dar a profundidades quando a noite caía
mas a permanecer lá no fundo meio soterrada, é notícia
eu sei, talvez eu nem sempre tenha percebido
essa coisa de sentir a mais quando voltamos pras raízes
crescer é bom, conquistar o dia
sentir-se parte da natureza, sentir-se como guia
mas elas estarão lá, e sempre:
as memórias, as melancolias
a nostalgia, as veias das raízes
frias
mas vivas
sábado, 16 de setembro de 2023
Há pessoas que nos inspiram e outras que nos expiram
Há as que nos inspiram nos trazendo pra perto de nós
E há as que levam embora partes importantes que precisavam ter ficado
Há as que tem a intenção de nos trazer de volta
E há os que, sem saber, pela naturalidade e verdade que existem em si próprios, resgatam diamantes brilhantes que a gente nem lembrava mais que existia.
Queria conseguir enxergar sempre esse lado generoso da vida.
Queria ter a consciência de poder abrir a porta apenas pra quem pudesse vir somar, ou de saber fechá-la quando perceber que a sensação de bem estar já tiver ido embora.
Eu entendo e compreendo que é pra isso que estamos imersos na vida
Mas às vezes o movimento poderia ser mais fácil, ou mais claro de se ler: que eu siga, ao menos, atenta aos bons sinais.
segunda-feira, 3 de julho de 2023
O que há de errado com você?
Leia de novo, o que há de errado com você?
Essa não é uma pergunta direcionada ao outro, mas a si. Vamos, diga, o que é que há de tão errado? Em ser como se é, em saber-se como se é, em existir tal qual você existe.
Acho que não há nada de errado. Mas talvez a gente se sinta assim um tanto desconsertado em alguns momentos, como se sempre fosse necessário algum ajuste.
Nossos modos aceitos não são mesmo muito convidativos às singularidades e aos modos de viver diferentes do habitual. Não é também nem um pouco receptivo ou acolhedor às autenticidades que se diferenciem demais. A escapes de loucura que tragam algum tipo de desordem.
Nossos modos são incentivados a serem claros, limpos, ordenados, superficiais, lógicos, objetivos, rápidos, exatos. Racionais e diretos. Dúvidas, questionamentos, alguns níveis de sensibilidade ou profundidade desestabilizam rápido demais tudo o que está em ordem e em paz.
Ordem e progresso.
Mas não queremos ordem e progresso.
Queremos sentidos e processos.
Abertura e anti-retrocesso.
Liberdades, profundidades, queremos as coisas ao inverso.
E aí, o que há de errado com você?
Só é possível estar errado se houver um lado certo
Só é possível estar certo se houver um lado errado
Não existimos, conflitamos.
Que a gente pudesse apenas só existir.
Existir e nada mais.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
tem gente com quem a gente se sente em casa
à vontade pra ser o que for e como for
sem precisar provar ou explicar nada
não sei se o melhor nome é afinidade, ou amizade, ou conexão
o nome na verdade importa pouco perto da sensação de conhecer o que é isso
se sentir à vontade pra ser o que se é, pra ter dúvidas no lugar de certezas
pq como diz o livro que me falaram hoje "as certezas são as gaiolas da vida"
e na realidade ninguém por aí tem certeza de nada, mas a gente finge que tem
e o que conversamos uns com os outros são trocas de certezas
ou a nossa necessidade de tê-las
como é bom poder deixá-las de lado
e se sentir aberto e ao encontro do que está
domingo, 29 de janeiro de 2023
gente que parece cheirinho de pão assando no forno.
descrição de aconchego da cozinha.
de calmaria que é serena na existência - e traz calmaria pro coração.
mar calmo nunca fez bom marinheiro - será?
ainda assim - pra onde ele volta - é pro aconchego do descanso.
sem calmaria não tem nem o mar,
que dirá da força, reabastecida, do marinheiro?
mar calmo faz ótimos marinheiros.
o que muda?
o contexto, ou o olhar? cada leitura de situação é um julgamento. julgamos os olhares, as falas, os ditos, os não ditos, o movimento que foi feito ou deixou de ser. e julgamento é um nome que a gente dá quando quer entender alguma coisa...
mas o que muda?
de um dia, ao outro, o que muda? a percepção interna de calmaria, de um, pra uma sensação incerta de percepção? será que a sensação incerta de percepção não é uma das causas do julgamento?
o julgamento traz certezas. ancora nossa emoção em algum lugar. seja quando julgamos ao outro ou quando vem em direção à nós.
como fica pra entender o que chegou no outro?
fica sem entender e vida que continua seguindo, dia após dia, como uma nova vida que brota a cada novo amanhecer.