segunda-feira, 3 de julho de 2023

 O que há de errado com você?

Leia de novo, o que há de errado com você? 

Essa não é uma pergunta direcionada ao outro, mas a si. Vamos, diga, o que é que há de tão errado? Em ser como se é, em saber-se como se é, em existir tal qual você existe.

Acho que não há nada de errado. Mas talvez a gente se sinta assim um tanto desconsertado em alguns momentos, como se sempre fosse necessário algum ajuste.

Nossos modos aceitos não são mesmo muito convidativos às singularidades e aos modos de viver diferentes do habitual. Não é também nem um pouco receptivo ou acolhedor às autenticidades que se diferenciem demais. A escapes de loucura que tragam algum tipo de desordem.

Nossos modos são incentivados a serem claros, limpos, ordenados, superficiais, lógicos, objetivos, rápidos, exatos. Racionais e diretos. Dúvidas, questionamentos, alguns níveis de sensibilidade ou profundidade desestabilizam rápido demais tudo o que está em ordem e em paz.

Ordem e progresso.

Mas não queremos ordem e progresso.

Queremos sentidos e processos.

Abertura e anti-retrocesso.

Liberdades, profundidades, queremos as coisas ao inverso.

E aí, o que há de errado com você?

Só é possível estar errado se houver um lado certo

Só é possível estar certo se houver um lado errado

Não existimos, conflitamos.

Que a gente pudesse apenas só existir.

Existir e nada mais.