domingo, 20 de dezembro de 2009

Céu, solidão e liberdade.


"Céu, tão grande é o céu, e milhares de nuvens que passam ligeiras!"
Às vezes chego até a não entender essa minha adoração pelo céu. O céu, as estrelas, as nuvens. Um quê de romântico e misterioso, quase um enigma a ser resolvido. Penso que o que procuro mesmo é o infinito, tantas vezes compreendido como sinônimo de liberdade. Uma vontade de voar e deixar-se levar, alcançar o céu sentindo a brisa, leve, a tocar-me a face. É. Às vezes chego até a pensar em solidão. Talvez, sozinha, seja melhor. Talvez então eu saiba lidar melhor com tudo. Mas, afinal, a convivência é o caminho pro aprendizado, e se não aprendermos com todas as relações sejam de amizade, amorosas ou familiares, é capaz de acabarmos sozinhos sim, mas não felizes. E afinal, como diria o poeta, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

Crepúsculo

Tudo é azul. Sob o efeito do azul, do grande céu azul que acoberta a cidade. Junto de um fim de tarde onde o sol, com seu infindável brilho se encolhe, transparecendo junto ao azul uma verdadeira dança de cores, imóveis, que ao mesmo tempo se parecem tão distantes e em constante movimento. O azul se intensifica. Os tons de juntam ao branco das nuvens onde não se sabe mais quem é nuvem, quem é céu. As luzes da cidade começam a se acender. Eis que o azul no seu mais vivo tom começa a se dissolver e se espalhar, e vai aos poucos diminuindo sua cor. Outro tom se atreve a surgir, ainda mais vagarosamente.. E entre essa mistura de tons, busco meu silêncio. Me perco junto ao azul que invade o céu. Lentamente nessa mutação de cores, vejo brilhar, timidamente, a modesta lua, que escondida, acompanhava o espetáculo de cores no seu mais discreto silêncio, e agora aparece entre o azul perdendo-se na bagunça das cores. É, tudo é azul.