quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

caminho

tomarmos a vida como caminho impõe, ainda que sem querer, limites. defini-la é limitá-la.

tempos atrás falava em roda gigante. não sei o que me ocorreu mas esse termo voltou, há algum tempo, a aparecer no imaginário. roda, roda. é gigante. infinita, não. 
não é só escolher uma porção estreita de terra, não é percorrer um espaço, não é dar uma direção nem escolher apenas um modo de realizá-la. nem escolher um objetivo. é tudo isso junto jogado ao oceano. oceano. acho que encontrei uma palavra melhor que caminho.

oceano.






segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

me despeço, aos poucos, de uma certa maneira de ver.
me atenho ao que existe para além.
saio, ou busco sair, de um lugar protegido, quente. confortável.
buscar - o que nos põem em movimento
buscar o quê?
sentido?
não. buscar encontros.
encontros exigem duas partes. diálogo. empatia? talvez. exige sair de si.
a busca de sentido é solitária. às vezes não, mas em parte.
a busca de sentido tem, também, um caráter egocêntrico.
preciso de um sentido. preciso saber. preciso entender.
encontro exige disponibilidade. entrega. compreender.
encontro pode ser com o livro. com o outro, enfim, que nos é alheio.
envolver-se com o alheio, em geral desconhecido, misturar-se. no sentido mais íntimo da palavra.
perder-se no que não existe aqui. perder-se por aí.

diz que fui por aí
levando um violão
debaixo do braço
vou logo avisar. não busco o que é certo ou aprovável. mensurável em acertos. busco o que é genuíno, verdadeiro por ser espontâneo.
verdade, nenhuma tampouco existe. somos feitos de verdades. buscamos verdades. enxergamos verdades, e daí, enxergamos a mentira.
tenho um segredo pra contar: ciências da mente, de início, me assustavam. tinha medo de existir uma explicação tão lógica a meu modo de sentir e absorver o que ocorria que perderia o sentido destas ações, ou não-ações, pensamentos, emoções. somos iguais em nossa humanidade. e diferentes nos modos de vivê-la. acredito que essas diferenças, sim, podem ser compreendidas, analisadas, buscadas! mas explicar é uma ação redutível. torna mensurável. talvez este meu medo, de início, em ser "decifrada". cultivo um certo viver ao modo Caeiro: não penso, vivo. há coisas sobre as quais eu só quero sentir. não quero pensar. racionalizá-las leva à loucura. seria isto uma loucura? talvez. não me importa. as manifestações das diversas humanidades se manifestam, assim, sem pensar. as humanidades existem. o ser-humano no seu sentido mais ser-algo também existe. assim, na espontaneidade. não recuso modos de ver históricos, psíquicos, antropológicos, filosóficos, são estes que me permitem reflexão. mas reflexão não precisa ser explicação. explicar cansa. pensar cansa. viver, refletir - no sentido de ver um vestígio, rastro, buscar pistas - é um exercício também menos racional que embuído dos cinco sentidos. não podemos esquecer nossa constituição. ela muito nos revela para além do pensar. para além do explicar. revela. não explica.