quinta-feira, 10 de novembro de 2022

tudo sobre o amor

o amor circula meus pensamentos e impressões sobre a vida desde que eu tinha idade suficiente pra questionar o que era e o que importava ter amor.

lembro da sensação de sentir amor por uma situação e lembrar dela repetidamente tentando sentir de novo o que aquilo tinha provocado.

lembro de sentir o peito quente, como se uma fogueira queimasse por dentro e a vontade fosse transbordar.

lembro da sensação de me sentir animada com alguma coisa que iria acontecer ou que talvez fosse ser entregue como presente.

e lembro de nunca discernir se a sensação era de se sentir amada, ou sentir amor, ou querer dar amor, ou sentir que vivia algo amoroso - que não é amor - mas tem amor dentro.

acho que hoje eu diria que o amor é um ingrediente, igual a farinha é no pão. não é algo tão puro ou direto ou concreto. é algo que faz parte.

a farinha tá em tantos lugares e preparada de vários jeitos. e a nossa experiência não é só uma: são várias. fazer o pão ou a pizza com a farinha e sentir ela escorrendo e melecando no dedo sabendo que aquilo vai virar algo gostoso. sentir o cheiro do forno quando aquilo tá cozinhando e não saber descrever o prazer que é sentir um cheiro e imaginar um gosto. comer com os olhos aquilo que ficou bonito e que pelo olhar dá pra sentir o gosto na boca. comer! dá pra descrever a sensação que é comer quando você tá com fome e sabe que é gostoso?

não é a farinha. não é o amor. é o onde, quando, como, com quem, é o sentir, não fantasiar. e também não quer dizer alguma coisa. na realidade não quer dizer nada. a não ser que a gente faça algo com ele (e o saboreie quando estiver sendo servido) e absorva, consuma, desfrute de onde ele estiver.

porque a gente se acostumou a consumir e restringir amor ao amor romântico e acabou consumido por ele no fim sem se sentir amado?

o amor é a farinha. tem até no supermercado. é só a gente saber ver, saber preparar, saber desfrutar e saber oferecer. e é melhor que a farinha: não precisa de receita. talvez seja exatamente nesse ponto que a gente peque, procurando um jeito certo, mas isso é o nosso aprendizado de roteiros. viver não tem roteiro, não tem sequência, é oceano: estamos mergulhados no amor sem saber olhar em volta e mergulhar em profundidade. façamos. vamos amar!

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